Monday, August 6, 2012

Espero a rota ou começo a rota

Escrito do projecto pedras 2012 - pessoas e lugares - 27/fev/2012

Apanho a rota a meio caminho, uma novidade… no fundo quando saio todos os dias na praça do comércio, aquela imensidão de chão branco lembra-me sempre uma praia e quando desço do 15 e o corpo fica assim de frente para o rio, por momentos cola-se a recordação dos verões de dias intermináveis de praia, a areia debaixo dos chinelos e a toalha à volta dos ombros porque de manhã mesmo de manhãzinha ainda fazia frio apesar do sol prometer calor… enfim hoje pude fazer isso… saio com o banco debaixo do braço, há um minuto era mais uma pessoa dentro do 15, a caminho do trabalho, mas agora os nossos caminhos bifurcam-se, eles seguem em passos elegantes por dentro da rua augusta, eu alento os meus e abro o meu banquinho… escolho um lugar na praça e lembro-me da praia outra vez… quando o areal está demasiado vazio onde é o bom lugar para abrir o chapéu de sol? ando um pouco atrás das pernas e deixo que o sítio me escolha a mim… quando é assim tenho mais coisas que contar… especialmente porque não houve nada que me chamasse a atenção… abro o meu livrinho da escrita e começo por entre as linhas da última coisa que tinha escrito… não decidi, começou assim… escrevo coisas do início da escrita o equivalente a esfregar as mãos ou os pés, esticar os braços ou fechar os olhos… olho o telemóvel… a rota deve estar a passar por aqui… Espero a rota ou começo a rota? nada pode estar lá para eu esperar se eu não estiver implicada no seu começo… parece-me evidente para qualquer jardineiro, mas pouco intuitivo para quem o trabalho seja baseado numa linha de montagem… seja ela de pensamento ou de automóveis…

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